A violência doméstica, continua, e muitas vezes ficamos sem poder entender, o motivo que leva uma mulher suportar apanhar, ser machucada, além de fisicamente, muitas vezes em sua dignidade, em seu orgulho.
Cada caso é um caso, cada mulher têm seus motivos, mas a verdade é que nos estranho, o fato de mulheres serem espancadas por tanto tempo.
Ruth de Aquino, escreveu essa reportagem interessante na revista Época, onde ela fala dos estudos de uma socióloga paranaense:
Meu primeiro namorado quase me matou, por afogamento, na Praia de Copacabana. O namoro já durava dois anos. No início, não notei nada. Num certo dia, ele começou a me interrogar. Aonde você foi? Como estava vestida? Alguém mexeu com você? A que horas chegou em casa? Eu respondia. Quando me rebelava, ele me apertava o braço. Beliscava. Passou a puxar meus cabelos, que desciam à cintura. Eu não sabia bem como agir. Com ele, descobri a sexualidade e me perguntava se assim era o amor na vida real. Não contava nada a ninguém por vergonha. Comecei a sentir medo. Ameaçava terminar, mas ele se derramava em desculpas e chorava. Até o dia em que chegou à praia e eu estava no mar, conversando com um amigo surfista, depois da arrebentação. Ele nadou rápido, era halterofilista, e pude perceber o olhar de ódio antes de ele me aplicar um caldo, sem dar uma palavra, e manter a mão sobre minha cabeça, no fundo do mar, me impedindo de voltar à tona. Eu engolia água e achei que fosse morrer. Quando ele me soltou e eu subi, chorava engasgada e fui socorrida, levada à areia. Talvez ele quisesse apenas me dar um susto. Eu me assustei para o resto da vida. Ali terminava meu primeiro e único caso de amor e ódio.
Aqui tem mais.
Pois é, as vezes eu fico pensando, sem entender muito bem porque isso acontece, e com tanta frequência.
Talvez porque eu, assim como muitas pessoas do meu círculo de amizade, nunca tenha tido que passar por uma situação dessas.
Nunca me deparei com a violência, e nesse caso fica mais fácil, encontrar a solução dos problemas, que aliás, são problemas alheios.
Mas uma coisa é fato, essa violência precisa acabar. A mulher precisa dar um basta nesta submissão.
9 comentários:
Antigamente se dizia que era coisa de gente sem instrução, de pobres, de periferia. Com o tempo - os Doca Street da vida - percebeu-se que isso acontece em todas as camadas da sociedade. Nas classes baixas acreditava-se na dependência financeira da mulher para alimentar a si e aos filhos, e nas classes altas?
O fato é que, mesmo que tenhamos dificuldade de entender, em todas as classes existe a impunidade ou a punição mínima para os covardes.
Coragem para as mulheres e crianças violentadas -e os homens també, lógico - para denunciarem e nada de ouvidos moucos dos vizinhos que, com seu silêncio, podem tornar-se cúmplices de crimes mais graves.
Aninha, eu também não tenho pessoas do meu circulo de amizades que passe por situações como essa, mas veja bem, existe muita coisa velada, que acontece por baixo dos panos. Este caso, que foi contado no post, a pessoa se dizia inexperiente e tals. Pois existe muita mulher madura passando por situações assim. Primeiro o conceito de ciúmes precisa mudar. Ciúmes não é prova de amor, é prova de insegurança, o que nao tem nada a ver com amor. Muitos tem ciúmes porque se sentem inferiorizados. Homens latinos, por causa do machismo, sentem-se diminuídos com os avanços femininos. Existem uma gama de motivos para o acontecimento dos crimes contra a mulher, mas não os justifica. A melhor avanço dos últimos tempos foi a lei Maria da Penha, no sentido da mulher não precisar frequentar uma delegacia mesmo que direcionada, agora o ministério público que resolve tudo. Fugimos do ambiente machista das delegacias, agora é acabar com outros ambientes machistas e educar nossas mulheres no sentido da educação desses 'homenzinhos'. Bom feriado! Beijus
Aninha, veja a imagem que aparece quando acesso a PIER - http://twitpic.com/3m1ur - está contaminado com vírus - melhor fazer uma varredura nos scripts. Ultimamente várias rádios online estão com este vírus, um vírus específico. + beijus
É um barbarismo o que acontece com certas mulheres e não consigo entender como aguentam ser espancadas por tanto tempo e voltam sempre.
A violência está demais o trânsito tb assusta.
Bjim.
Venho do blog "Bicho da mata, eu" da Sra. D. Urtigão, no qual ela discute justamente este tema: a violência.
É, coisa feia e tão presente ainda na sociedade!
Olá, vim retribuir a visita, mas tenho duas questões a levantar. A primeira trata de voces, colegas que afirmam NÃO ter entre seus conhecidos situações de violencia. Acho muito pouco provável dados a prevalência da violencia doméstica em todos os segmentos da sociedade.A questão é que a grande maioria das mulheres que apanham, jamais revelam. Por medo e vergonha. Medo caso o agressor venha a saber que foi revelado e aumente as agressões.Que não são apenas físicas, mas tambem e principalmente morais.Que deixam sequelas irreversíveis.E vergonha porque a sociedade as trata como cúmplices e não como vítimas.E nós fingimos não ver, ignoramos sinais. A segunda é a questão dos motivos. Inúmeros, como são multiplas as perspectivas do humano. Mas aqui sempre se espera que a vítima tome sua defesa. Ora, vítima é vítima, está fragilizada, sem entender realmente o porque, achando muitas vezes ser um castigo merecido, porque nem sabem, mas Deus quer ou outras coisas do genero, que para nós soam como baboseiras. Não se espera que uma vítima de algum acidente tome as medidas necessarias ao seu resgate. Mas a mulher vítima de violencia, é cobrada e culpada por não ser capaz de resgatar-se. Quem ao ver um acidente em estrada não procura ajuda ou chama bombeiros quando de um incendio, mas quantos se metem em briga de casal ? Deveriamos. Todos. E quando a primeira intervenção não tem sucesso, tentar de novo e de novo. Porque ela, a vítima está desorientada. Stress pós traumático, insegurança, medo. Isso não desaparece fàcilmente. Exige MUITO trabalho. E no entanto ao primeiro fracasso, culpa-se a vítima e não a sociedade negligente com as mães de seus seres.
OH! Escrevi demais! Desculpe-me.
Oi Aninha.
Passando para ver se havia posts novos.
Abraços!
E olha que a Lei Maria da Penha não é brincadeira não... Isso é uma coisa meio cultural, sei lá. Acho que as novas gerações já não terão tanto problema, com excessão dos malucos de sempre.
Um beijão.
Aninha qurida é tão brutal o número de notícias bárbaras envolvendo membros de uma mesma família que temos que nos perguntar...O que acontece com a cabeça das pessoas em momentos de violência e terror como os que temos visto? Pra mim existe um hiato onde a razão se perde por completo e a mente enlouquece matando a realidade e crindo um pesadêlo passível de prazer.Só assim consigo tentar compreender estas loucuras que na verdade são inexplicáveis!
saudades meu bem e todo carinho!
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