quarta-feira, 23 de junho de 2010

NECESSIDADE É IGUAL A CRIATIVIDADE.

Essa noite geou.

E, agora está chovendo.

Não posso ir para a roça. Preciso muito trabalhar, mas com chuva não dá.
Mas Deus, sabe o que faz. Precisamos de chuva também.

Vou aproveitar o dia, e fazer aquele "colchoado" que preciso.
O Zé, essa noite, já começou com aquele soluço. Fiquei com medo de precisar de novo chamar o Pedro da farmácia para aplicar nele, uma injeção. Mas depois que embrulhei os pés dele com jornal, ele se esquentou um pouco e o soluço foi embora.

Enquanto todo mundo ficou à beira do fogo, que fazemos todas as noites no chão, ninguém sentia frio, mas quando vamos para a cama, a coisa fica ruim.

Juntei os meninos numa cama só.
Eles não gostam, dizem que a coberta pouca, fica mais difícil quando um puxa de um lado, outro puxa do outro.

São as cobertas "peleja", que o turco vendeu.
Aquele miserável disse que elas não iam encolher, mas foi só lavar que elas não cobrem os pés, se quiser cobrir os braços, puxa de um lado, puxa de outro, e elas parecem ficar cada vez menores.

Vou aproveitar o algodão que seu Mário me deu no fim da colheita e os sacos de estopa, para fazer os "colchoados".
Os meninos não gostam não. Dizem que os caroços do algodão pinica, mas acho melhor que o frio.
Para forrar, tenho bastante trapo para remendo. Posso emendar tudo e fazer o forro.
Até de noite, ele vai estar pronto.

Hoje o frio não vai "judiar" tanto dos meninos. Com mais esse "colchoado", não preciso juntar todos eles na mesma cama.

Talvez até, se os sacos de estopa forem suficientes, dá para fazer dois, e aí, dá para esquentar os pés do Zé também.
Mas o jornal tem sido uma boa saída. Esquenta os pés.

5 comentários:

valter ferraz disse...

More,
bunito isso. Lembrei dela na hora.
A minha também fazia algo parecido. Colocava jornais dentro dos nossos sapatos que íam prá debaixo do fogão. Ficam sequinhos e a gente driblava o frio.(Mas, minhas necessidades não passaram nem um pouco perto das suas, certeza.)
Hoje reclamamos que o edredon não esquenta. Luxo, fartura; estraga as pessoas, eu acho.
Parabéns pelo texto.
Beijo, menina

Luma Rosa disse...

Aninha, o que se leva desta vida, senão a superação dos momentos difíceis que vividos juntos reforçam os laços? E olhar para trás e ter certeza que tudo valeu a pena!!

Estava eu aqui querendo emendar as cobertas ou fazer uma bela manta de tricô!!

Bom fim de semana!

Beijus,

Meg disse...

Oh minha querida Aninha:
Isso é o que eu chamaria de matar a saudade em alto estilo.
venho aqui para falar do meu carinho por vc e encontro uma soberba contadora de histórias que já deviam ser enfeixadas num livro!!!!

Um doce, uma delícia sua escrita.
Obrigada por nos presentear com ela. Uma visão delicada mas certeira da realidade de muitos de nós.
Parabéns e faça mais para nós que somos presenteados com o talento seu e da família.
Uma cesta de beijos pra vc (colchoada, por certo:-) e guarde um para o Valter.

Rosamaria disse...

Então a família é de escritores! Muito bem escrita a tua história, Aninha.
Também usei jornal pra forrar os sapatos, às vezes furados.
Me emocionei, guria.
Bjim.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Aninha, seu texto me fez lembrar quando meus sapatos ficavam molhados no inverno, porque eu ia pulando que nem uma cabrita nas pocas de água e ai os pés chegavam frios e molhados. Mamae fazia umas bolas de jornal e colocava no sapato e ainda atras da geladeira para pegar aquele ventinho quente do motor. No dia seguinte ele estava sequinho e quente, pronto para mais uma caminhada.

Um beijo grande, lindo o texto