sexta-feira, 21 de novembro de 2008

HÁ DIFERENÇAS!

Fico as vezes observando, e fazendo comparações, com o que se aprende hoje na escola, e o que aprendíamos há alguns anos. Bem alguns, está certo, mas na minha infância.
Fui à escola pela primeira vez, já com sete anos completos, uma vez que faço aniversário em dezembro.
Pois bem. Meu pai e minha mãe, achavam que não tinha necessidade nenhuma de se estudar. Apenas que seria bom aprender a ler e escrever o suficiente.
Já disse aqui, que meu pai rezava terços na casa de pessoas devotas de algum santo, ou nas novenas que se costumava fazer depois que morria alguém.
Como ele era surdo, ficava difícil saber quando os participantes acabam de responder as orações, para que ele entrasse com a repetição de sua parte, como puxador do terço.
Então, queria, que eu o substituísse. Para isso precisava aprender a ler, para usar o livro de terço. Só por isso.
Pois bem, fui para a escola.
Ia sózinha todos os dias. Eles trabalhavam na roça, e saíam de casa muito cedo, muito antes do horário de ir para a escola.
Tinha meus dois irmãos mais velhos que iam à escola também, e lá íamos nós.
Fui alfabetizada, e muito bem alfabetizada, aprendendo a ler na cartilha "Caminho Suave".
Meus pais analfabetos, jamais se preocuparam em saber se estava ou não aprendendo, se fazia ou não as lições.
Mas na escola, a gente aprendia sim.
Os professores lá estavam para ensinar, e levavam à sério sua profissão.
Assim sózinha, meio largada, fiz a primeira, a segunda e a terceira séries.
Aí o bicho pegou.
Fui reprovada na terceira série.
Quase morri de vergonha. Não tive coragem de contar a ninguém em casa.
No domingo, como de costume, fomos à missa, e no final, na porta da igreja, uma amiguinha, ainda me lembro do rosto e do nome "Alice Serra", veio ao nosso encontro e disse:
"Você repetiu". Sei que fiquei vermelha, meu rosto queimou.
Depois desse dia, me tornei a melhor aluna da sala, mesmo sem incentivo de ninguém.
Ajudei muitas patricinhas, de minha sala, filhas dos médicos e dentistas da cidade.
As comparações, é que hoje, apesar de estarmos atentos, ajudando nossas crianças, incentivando, eles, muitas vezes na terceira, quarta séries, não sabem tabuada, não sabem ler, não sabem escrever, e o mais cruel disso tudo, os professores deles também não sabem.
Cobrar de quem?
De ninguém né?
O melhor é fazer nossa parte, ajudar no que pudermos.

7 comentários:

Anônimo disse...

Ana, impressionante a coincidência. Ainda ontem à noite eu conversava com uma jovem sobre isso. Eu lembrava que na escola municipal a gente aprendia, isto é, era obrigado a decorar, a "cantar" a tabuada de multiplicar, de somar... Era ponto de honra saber isto tudo.
Só que, para meu espanto, ela que até era culta, formada em História por ótima Faculdade, quando lhe perguntei brincando quanto era 7x9 ela não sabia. Isto é até que sabia, mas tinha de fazer mentalmente a soma de 7+7+7+7+7+7+7+7+7... 9x9 teria de fazer 9+9+9+9+9+9+9+9+9... Médoto moderno, não?

Sou de opinião, já que as maquininhas são tão populares, que ao invés de ensinar as crianças a decorar tabuadas, que aprendam a usar bem os recursos que as maquinetas lhe oferecem, não acha?
Um beijo. Feliz final de semana.

Yvonne disse...

Aninha, o que eu posso dizer a você é que na nossa época o ensino era mais rigoroso. Minha mãe nunca me pediu para ver o meu boletim, mas Deus me livre e guarde se eu ficasse reprovada. Você provou que, ainda que não tivesse incentivo em casa, deu um verdadeiro show. Parabéns e muitas beijcoas

Cadinho RoCo disse...

Para mim o Brasil acabou porque é pra lá de absurdo estarmos num País que tem a maior arrecadação de impostos do mundo e ainda assim temos de fazer a nossa parte. Mas que parte é esta? Está tudo corrompido e neste pacote vai também a educação. E o Presidente Lula é o primeiro a dizer que estudar nem é tão importante assim. Vale sublinhar que com o maciço aplauso de boa parte dos educadores deste Brasil. E ai de nós se não fizermos. Nem mais a tal da consciência do voto resolve porque está tudo corrompido, comprado, intoxicado, desvirtuado.
Cadinho RoCo

Cris disse...

Oi, queridona...
Trilhei um caminho bem parecido , Ana ( inclusive o Caminho Suave ), sozinha , sem muito interesse por parte dos meus pais que tinham que ralar muito . Mas sempre fui boa aluna.Fomos de uma outra época, bem diferente. Quero ver quando tiver meus netos... morro só um pouquinho!!!!

Beijo, linda..

Georgia Aegerter disse...

Aninha, seu post já está lá no blog blogagem:

http://blog-blogagem.blogspot.com/

Abracos

Anônimo disse...

Aninha. Eu também acho que antes( no tempo nosso...rs) a escola ensinava melhor. Por que? Não entendo. A decadência do ensino nas escolas públicas( pelo menos, aquelas do ensino médio) é gritante. Os alunos que terminam o ensino fundamental quase não sabem escrever uma frase com sentido.
E você, que não tinha estímulo, nem incentivo em casa, estudou e se tornou boa aluna: eis uma vantagem derivada do seu jeito de ser: você sempre me passa a imagem de uma pessoa corajosa, esperta e "antenada". Sinto que possui um alto grau de discernimento para avaliar as coisas da vida.
Por isso, percebeu que estudar era importante. E por isso, se tornou o que é: essa pessoa rara e sábia.
Eu admiro você. Muito.
Beijos bem saudosos.
Dora

Lord Broken Pottery disse...

Aninha,
Para mim, não sei se é saudosismo, fica sempre a impressão de que o ensino hoje é pior.
Beijo