Logo que comecei a blogar, contei esta história aqui.
Como o blog era outro, e não pude salvar, estou contando a mesma história, talvez em outras palavras.
Marisa ainda muito jovem, se apaixonou por João, um rapaz da mesma cidade, de família conhecida.
Os pais repudiavam o namoro. Em hipótese alguma queriam o namoro dos dois.
Mas, como todo jovem, isso não tinha a menor importância. Ela o amava, e o namoro acontecia às escondidas, driblando daqui e dali, mas namoravam.
Algum tempo depois, o inevitável.
Ainda adolescente, Marisa estava grávida.
Antes que os pais descobrissem, fugiu de casa para se casar com João.
Para os pais, foi um drama.
Não confiavam naquele rapaz, que trabalhava como caminhoneiro, e passava muitos dias fora de casa.
Enfim, estava feito.
Casaram-se.
João trabalhava muito. Logo conseguiu comprar seu próprio caminhão, e com a chegada da filha, estava feliz.
Tudo parecia muito bem.
Aos poucos foram juntando algum dinheiro e fazendo seu pé de meia.
Tiveram mais um filho.
Aos poucos as viagens foram se tornando mais longas e as brigas começaram a aparecer.
Foram muitas. Muitas ofensas. Muitas agresões físicas.
Marisa apanhou por diversas vezes. Quieta.
Não tinha coragem de contar aos pais, que tanto haviam lhe aconselhado sobre esse risco
Já com os filhos grandes, uma boa condição financeira, ela descobre que na mesma pequena cidade em que moravam, ele tinha um filho, fora do casamento.
Sofreu muito, aliás nos últimos anos, só fazia sofrer.
Foi entrando numa terrível depressão, e os medicamentos cada vez mais fortes, para suportar a solidão e o sofrimento.
João, quando não estava trabalhando, vivia só de farra e mulheres. Já não se importava em esconder isso de Marisa.
Os pais nessa época já sabiam do sofrimento da filha, embora nada pudessem fazer, ela não queria que nada fosse feito.
E a dependência de remédios cada vez maior.
Começaram a ter dificuldades financeiras. Ele gastava desmedidamente.
João foi embora.
Deixou Marisa, só com a casa que moravam.
Logo ela descobriu que a casa estava penhorada e perdeu.
Voltou para casa dos pais.
Os filhos?
Foram embora cuidar de suas vidas, depois que ela teve seu primeiro acesso de loucura.
É, exatamente isso.
Marisa enlouqueceu. Literalmente.
Hoje dez anos depois, ela alterna entre períodos, que está controlada com medicamentos diários em casa com os pais, que já velhos, estão cuidando dela. Outros, em que passa de um a dois meses internada em clínica psiquiátrica.
Está hoje com 47 anos de idade, mas quase nada viveu.
Porque estou falando nisso?
Estive pensando, nessa linha que é a razão e loucura.
É muito frágil, é tênue.
Quantas vezes, esta linha se rompe, e pode acontecer o inusitado.
Uns matam, outros morrem, outros perdem o controle da própria vida.
O namorado da menina Eloá, de São Paulo matou. Marisa, enlouqueceu.
Prá quem se lembra do antigo post, ela é minha sobrinha, e hoje não é mais nem sombra da menina linda que foi. Seus lindos olhos azuis, hoje estão embaçados, sem vida, e o corpo bonito da jovem se transformou num corpanzil inchado de tanto remédio.
Sinto uma tristeza tão grande quando olho prá ela, e ao mesmo tempo, sinto um carinho imenso e uma vontade de proteger.
Ela é uma criança, que se apaixona, como ela mesma diz, por todos os terapeutas que cuidam dela.
Como o blog era outro, e não pude salvar, estou contando a mesma história, talvez em outras palavras.
Marisa ainda muito jovem, se apaixonou por João, um rapaz da mesma cidade, de família conhecida.
Os pais repudiavam o namoro. Em hipótese alguma queriam o namoro dos dois.
Mas, como todo jovem, isso não tinha a menor importância. Ela o amava, e o namoro acontecia às escondidas, driblando daqui e dali, mas namoravam.
Algum tempo depois, o inevitável.
Ainda adolescente, Marisa estava grávida.
Antes que os pais descobrissem, fugiu de casa para se casar com João.
Para os pais, foi um drama.
Não confiavam naquele rapaz, que trabalhava como caminhoneiro, e passava muitos dias fora de casa.
Enfim, estava feito.
Casaram-se.
João trabalhava muito. Logo conseguiu comprar seu próprio caminhão, e com a chegada da filha, estava feliz.
Tudo parecia muito bem.
Aos poucos foram juntando algum dinheiro e fazendo seu pé de meia.
Tiveram mais um filho.
Aos poucos as viagens foram se tornando mais longas e as brigas começaram a aparecer.
Foram muitas. Muitas ofensas. Muitas agresões físicas.
Marisa apanhou por diversas vezes. Quieta.
Não tinha coragem de contar aos pais, que tanto haviam lhe aconselhado sobre esse risco
Já com os filhos grandes, uma boa condição financeira, ela descobre que na mesma pequena cidade em que moravam, ele tinha um filho, fora do casamento.
Sofreu muito, aliás nos últimos anos, só fazia sofrer.
Foi entrando numa terrível depressão, e os medicamentos cada vez mais fortes, para suportar a solidão e o sofrimento.
João, quando não estava trabalhando, vivia só de farra e mulheres. Já não se importava em esconder isso de Marisa.
Os pais nessa época já sabiam do sofrimento da filha, embora nada pudessem fazer, ela não queria que nada fosse feito.
E a dependência de remédios cada vez maior.
Começaram a ter dificuldades financeiras. Ele gastava desmedidamente.
João foi embora.
Deixou Marisa, só com a casa que moravam.
Logo ela descobriu que a casa estava penhorada e perdeu.
Voltou para casa dos pais.
Os filhos?
Foram embora cuidar de suas vidas, depois que ela teve seu primeiro acesso de loucura.
É, exatamente isso.
Marisa enlouqueceu. Literalmente.
Hoje dez anos depois, ela alterna entre períodos, que está controlada com medicamentos diários em casa com os pais, que já velhos, estão cuidando dela. Outros, em que passa de um a dois meses internada em clínica psiquiátrica.
Está hoje com 47 anos de idade, mas quase nada viveu.
Porque estou falando nisso?
Estive pensando, nessa linha que é a razão e loucura.
É muito frágil, é tênue.
Quantas vezes, esta linha se rompe, e pode acontecer o inusitado.
Uns matam, outros morrem, outros perdem o controle da própria vida.
O namorado da menina Eloá, de São Paulo matou. Marisa, enlouqueceu.
Prá quem se lembra do antigo post, ela é minha sobrinha, e hoje não é mais nem sombra da menina linda que foi. Seus lindos olhos azuis, hoje estão embaçados, sem vida, e o corpo bonito da jovem se transformou num corpanzil inchado de tanto remédio.
Sinto uma tristeza tão grande quando olho prá ela, e ao mesmo tempo, sinto um carinho imenso e uma vontade de proteger.
Ela é uma criança, que se apaixona, como ela mesma diz, por todos os terapeutas que cuidam dela.
10 comentários:
O fio tênue que repassa a vida e nos mantém presos como bailarinos buscando o equilíbrio no imponderável é que nos leva ao fantasioso cenário real.
Conheço uma história bem parecida, difere por não haver filhos na história. Mas é triste.
Amiga, ainda há tempo!
Bjos
Nossa Aninha,
Enquanto lia, jurava que fosse uma história fictícia... lamento saber que é verdade...
Você disse tudo. Muito sabiamente.
Quando fiz um curso sobre loucura na literatura eu li histórias muito parecidas com esta que você narrou e que infelizmente é verdadeira.
E o crime de ontem? A psicóloga deixa seus 4 filhos no colégio e volta para casa para ser assassinada em frente de casa. Será outro louco obstinado o autor do crime?
Fique em paz.
Aninha querida que estória mais triste...nem tem o que dizer ..ser ceifada da vida assim tão cedo ...acho que só teremos uma explicação destas coisas terríveis que acontecem aqui "deste lado" ...quando chegarmos "no outro"...fiquei muito feliz de saber que o Érikinho junto com vc também vê o noVÍTá....Um bom fim de seman com alegrias minha linda ...beijos Vi
A vida apresenta complicações complexas demais para que possamos conceitua-la de maneira ou de outra.Por isso é que nunca é demais estarmos atentos ao que acontece à nossa volta, para que não soframos depois dos enganos que antes aparecem em sinais por vezes sutis demais.
Cadinho RoCo
Oi, querida,
Ainda não voltei, mas reservei um tempo para visitar meus amigos tão queridos.Triste história, Aninha, mas sabemos que é pessoal e intransferível. Os motivos ? Má scolha, ajuste, carma, carência..vai saber.A você , tia, cabe a tristeza de assitir a tudo de muito perto e pouco poder fazer. Sinta-se abraçada, está bem?
Beijão de saudades, linda.
Anna, sinto muito pela sua sobrinha;é uma pena saber que infelizmente existe amor que destroi e faz sofrer. Eu vi também suas fotos, vc está de parabéns pelo seu trabalho. Bjs e boa semana.
Aninha, essa história, que eu já conhecia, me fez lembrar de sobreviventes de campos de extermínio. Uns saíram de lá e conseguiram refazer suas vidas, outros simplesmente enlouqueceram e alguns poucos correram atrás de fundar entidades ou seja lá o que for para que nunca mais aconteça esse tipo de coisa. Os problemas acontecem, mas algumas pessoas não sabem lidar com eles. Minha mãe foi assim, preferiu enlouquecer.
Beijocas
Mais triste que essa história, Aninha, é constatar quantas "Marisas" conhecemos por aí. Os pais parecem ter a propriedade de antever o futuro dos filhos, principalmente quando estes não são muito afeitos a escolher bem com quem vão se relacionar assim, de maneira definitiva. Lá em casa sempre tivemos pra uma coisa da qual nunca abríamos mão: Meus pais e irmãos tinham que aprovar os nossos pretensos parceiros pois, se assim não fosse, nunca poderia dar certo o relacionamento.Uma das minhas irmãs resolveu se rebelar contra essa proteção e se deu muito mal, embora não tenha tido um final trágico como o da Marisa. Uma pena, ver uma vida ser arrebatada assim, tão tristemente!
Beijos, querida!
Ana, eu já estive pensando sobre isso; cheguei a conclusão que existe aquilo que chamam "destino pré-definido" ou predestinação. As "vítimas" não enxergam o erro que estão comentendo, não percebem o abismo para o qual estão caminhando. Cada pessoa tem o seu "predestino", umas com um final feliz, outras não. E talvez a explicação para isso esteja na existência de vidas passadas, será assim?
Como disse a Sonia, quando comecei a ler pensei que fosse ficção e não realidade. E ainda mais tendo como personagem da história uma pessoa sua tão querida.
Um beijo. Feliz semana.
As vezes a psicologia nao ajuda e no caso da sua sobrinha, parece que foi o caso. Se a pessoa ta mal, vamos receitar doses cada vezx mais fortes. Ah...nao gosto desses remedios pra depressao nao. Tenho um caso em familia tambem, que a pessoa tem que ser assistida 24 hrs por dia, pois o perigo de suicidio é eminente. Os remedios foram trocados e dosagens tambem...mas a depressao tá la igual cola. É muito triste !
Postar um comentário