segunda-feira, 7 de setembro de 2009



Ao lado do Bem, está aí a querida Vivina de Assis Viana, que escreve deliciosamente.
Sempre digo à Vivina, que quando a leio, tenho sempre a sensação de estar sentada no chão, como fazíamos quando criança para ouvir histórias. Histórias que me encantavam, e que tanta atenção prendia.

Sempre tenho a impressão de estar ouvindo alguém contar histórias para mim.
Vivina agora tem seus contos publicados aqui, entre outros bons contos.
Um deles, trouxe para dividir com vocês.
Vejam que delícia!


E agora?

Noite dessas, cheguei do trabalho e encontrei meu filho do meio decepcionado.

Em voz baixa, parecendo outra pessoa – seu tom de voz é quase um grito – me puxou pra um canto e, quase chorando, segredou:

– Mãe, lembra quando eu te contei que minha classe ia ler seu livro? O Mundo é pra ser voado, lembra? Não tem quase ninguém gostando.

– Não?

– Só o Caio. Logo ele, que não é tão meu amigo...

Tentei dizer-lhe que livros costumam ser como pessoas ou coisas. Uns gostam de uns, ou umas; outros de outros, ou outras. Há até quem não goste de nada, ou de ninguém.

– Mas de futebol e de corrida de carro todo mundo gosta, né, mãe?

– Nem sempre, filho. Você não vê aqui em casa? A gente sempre vai ao futebol, mas você nunca me viu numa corrida de Fórmula Um...

– Isso é porque você não é da minha idade, mãe. Se fosse, gostava.

Quase lhe disse, então, que a idade talvez fosse a causa do desencontro autor-leitor.

Não seria cedo demais para ler a história da mudança de uma família de Belo Horizonte para São Paulo? Eles perceberiam, além do emaranhado de móveis e caixas transportado pelo caminhão, a complexidade de emoções e ternuras que só o coração pode guardar e transportar?

Não lhe disse nada. Afinal, quem é que sabe a hora, o momento e a idade para se ler um livro? Além do mais, o Caio não estava gostando?

Não havendo milagre capaz de transformar em legível o que os queridos colegas haviam qualificado de chato, horroroso, sabe-se lá mais o quê, mudei de tática. Convidei-o, e o irmão mais novo, para uma sopa.

Nem virou o prato pra cima. O irmão perguntou se ele estava com alguma dor.

– Muito pior – disse. – Você acredita que meus colegas não estão gostando do livro da mãe?

– E você acredita nisso, seu bobo? Eles só querem te encher o saco!






Nenhum comentário: